28 de mar. de 2011

Gente boa de Itabuna: Seu Cazuza

Na Av. Juracy Magalhães, mais ou menos de frente para a Padaria Princesa, fica a barraca de coco do Seu Cazuza, um verdadeiro patrimônio histórico vivo da cidade de Itabuna.

Foto ao lado: Seu Cazuza parte mais um coco, sob a enigmática mensagem nacionalista.

Do alto dos seus 84 anos de idade, o Sr. José Pereira dos Santos (seu nome verdadeiro) tem uma memória excelente, ótima conversa e uma saúde de ferro, que o permite diariamente cortar dezenas de cocos verdes com um facão afiado e uma destreza de causar inveja em muita gente mais jovem. "Ainda sou capaz de quebrar um coco na porrada, com as mãos", garante ele.

Nascido em Una, mas morando em Itabuna "há mais de 60 anos", Seu Cazuza já trabalhou em fazenda quebrando cacau (desde os 6 anos de idade), empresa de bebidas e, desde os anos 60, se mantém no mesmo ponto, vendendo seus cocos. "Quando cheguei aqui, nada disso existia", diz ele apontando para todos os lados. "apenas vários jequitibás e muitos pés de cacau, além dos bairros Conceição e Berilo. Me lembro que, junto com um engenheiro, a gente fez a primeira medição do Banco da Vitória até aqui, antes da estrada existir, dormindo no meio do mato mesmo", diz ele, que é extremamente nacionalista e afirma: "o único Governo de verdade que o Brasil já teve foi o de Getúlio Vargas. Hoje só temos malandragem, falta de trabalho e gente querendo levar vantagem. No meu tempo, se você deixasse sua bicicleta parada e saísse para resolver alguma coisa, quando voltasse encontrava ela no mesmo lugar".

Além de cocos deliciosos, que vende por R$1 (natural) e R$1,50 (gelado), Seu Cazuza oferece para qualquer pessoa que se interesse, muitas histórias, muita simpatia e sabedoria popular, com sua voz firme e memória poderosa. Não fosse Itabuna tão "madrasta" com seus cidadãos importantes, que ajudaram a construir a cidade que temos hoje, já era para, a essa altura, termos uma estátua, um livro e um documentário contando a trajetória desse cidadão de bem.