25 de ago. de 2020

Irmã Catarina de Jesus



Maria Catarina de Carvalho Luna, na verdade, Maria Catarina de Jesus, há 67 anos, ao assumir o nome de Cristo em seu casamento com ele, nasceu em Santo Amaro da Purificação, no dia 29 de abril de 1904. Entrou para o covento ainda criança, aos nove anos de idade, após a morte de sua mãe. Lá permaneceu como uma verdadeira freira - usava o hábito, fazia retiros e acompanhava o trabalho da madre superiora.


No Convento dos Humildes, que pertence à Congregação de Nossa Senhora dos Humildes, em Santo Amaro, a jovem Cata rina viveu - como nos contou quando ainda estava lúcida -, a melhor infância que Jesus pôde lhe oferecer. Mas, aos 18 anos e ainda inocente, veio para Itabuna, trazida por um dos seus seis imãos. Aqui, aconteceria o casamento de um deles e também acentuava-se a saudade da vida no Convento. "Eu vim pra cá mas não gostei. Então quis voltar. Pelejei, mas nenhum deles deixou", contava ela com graça e no seu linguajar.

Assim, para não se "aperrear mais ainda, calou a boca e durante três anos seguidos trabalhou, ganhou dinheiro, comprou seu enxoval e deu aos irmãos "num primeiro de abril". De fato, sua fuga de Itabuna para o Convento aconteceu mesmo em um dia primeiro de abril.

Alguns anos mais tarde, como freira, depois de dedicar-se intensamente ao trabalho realizado na sua cidade natal e em Salvador, ela veio à Itabuna visitar a família. Não sabia ela que, nesta cidade, uma obra de peregrinação pelos pobres a aguardava.

"Encontrei aqui umas meninas perdidas, à toa, e me deu aquela vontade de abrir um orfanato. Parece que foi Nosso Senhor quem mandou", dizia ela convicta. Foi a Santo Amaro tentar obter a aprovação da madre superiora, que achou a ideia "uma loucura", já que Irmã Catrina não tinha dinheiro para a obra.

De fato, dinheiro não havia. No entanto, por intermédio do então juiz da cidade, Dr. Claudionor Ramos, irmā Catarina ficou sabendo da existência de uma casa que seria doada para uma instituição de caridade. A doação seria feita em um prazo de 3 anos; só dois anos a madre superiora da Irmā Catarina levou para conceder a licença, o que somente aconteceu a poucos dias de esgotar-se o prazo. Finalmente, em 18 de maio de 1956, o Educandário Cordulina Loup Reis foi aberto.

O começo foi muito duro, Irmã Catarina levou para o orfanato 25 meninas. "Eu comia as ervinhas do campo, porque não havia dinheiro para alimentação. Viajava a pé de lá até Itabuna. Saia às 7 horas e chegava na cidade às 11 horas. Pedia esmolas para sustentar as crianças. Assim, com a ajuda de alguns, e recebendo contribuições da sociedade local, ela conseguiu levar adiante a obra, Mais tarde, a casa tornou-se pequena para o número de órfäs que já abrigava, aproximadamente 50 meninas, e através do então prefeito Miguel Moreira, marido de dona Elvira dos Reis Moreira (Dona Senhorazinha), que era proprietária da fazenda onde está o imóvel doado à obra de caridade, Irmã Catarina conseguiu mais três hectares e meio, onde construiu uma casa maior.

Durante 36 anos irmã Catarina andou pelas ruas de Itabuna vendendo biscoitinhos feitos de nata, santinhos, marcadores de livros e flores artificiais, tudo feito por ela e pelas irmãs que participavam da obra, para promver a sobrevivência das internas.

No orfanato dos Humildes existe uma escolinha onde as crianças têm o curso primário completo. No entanto, o orfanato está precisando urgentemente de ajuda para continuar sustentando as crianças e para manter acesa uma obra que sempre foi a razão da vida desta ima dos Humildes: a Irmã Catarina de Jesus.